quinta-feira, 22 de março de 2012

Entidades afros x defensores dos animais: Polêmica à vista

O projeto de lei, de autoria do deputado Feliciano Filho (PV), que proíbe a utilização e o sacrifício de animais em rituais religiosos no estado de São Paulo, está promovendo uma disputa grande entre as entidades afros e os defensores dos animais na Câmara de Vereadores de Campinas.

Maurílio Ferreira da Silva, o Maurílio de Oxossi, disse que não está conseguindo apoio da Câmara para promover uma audiência para discutir o projeto – que, segundo ele, fere o direito à liberdade de culto das religiões afro. A proposta é classificada pelos representantes de terreiros de candomblé e umbanda como preconceituosa e discriminatória. “Já falei com vários vereadores e eles dizem que vão conseguir o espaço e, de repente, desistem”, diz.
Ele ameaça e diz que se o assunto não for resolvido até amanhã (23/04), o encontro entre os integrantes das religiões afros será feito na rua. “Faremos em frente ao Plenário da Câmara, do lado de fora”, disse.

Um vereador, que pediu para não ser identificado, disse que os parlamentares estão tentando resolver o problema porque há uma disputa com os defensores dos animais. “Virou uma guerra. Até amanhã acho que resolveremos”, disse.

O deputado diz que propôs a lei porque “o sofrimento dos animais é insuportável nestes rituais. A diferença entre eu, você e uma galinha é que ela não tem como se defender”, diz o verde.  Eduardo Brasil, presidente do Fórum de Sacerdotes do Estado de São Paulo, afirma que o projeto é inconstitucional por violar a liberdade religiosa. “Como será o Natal dos católicos se não puder matar o peru? O que está em jogo é a liberdade religiosa. Vamos à Assembleia para por fim à hipocrisia”, promete. Feliciano, que é cristão, rebate e diz que a proposta não tem a ver com religião. “Antes da liberdade de culto vem o crime ambiental. Esses animais estão sendo maltratados.”

Para o pai de santo Moacir de Xangô e integrante do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Campinas, o projeto é fruto de pura ignorância e do desrespeito às religiões de raízes afro. “Apesar de nossa religião ser milenar, sempre fomos discriminados.”Se o projeto for aprovado, o descumprimento da lei prevê multa de 300 Ufesp ou R$ 5,2 mil para cada infração. O valor pode ser dobrado em caso reincidência.

Feliciano afirma ainda que o projeto atende à solicitação de muitos defensores e protetores dos direitos dos animais que vêm lutando em todo o Brasil pelo fim dessa prática.

Não há data para o projeto ser votado na Assembleia Legislativa.


Fonte: Blog da Rose

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